segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Cantigas de ninar!

Recebi um e-mail comparando as cantigas de ninar brasileiras com as americanas...realmente aprende-se desde criança que tudo é possível na terra do Tio Sam enquanto que no Brasil o medo é imposto no seu subconsciente quando você nem se entende por gente ainda!
Relato:
Eu, um Brasileiro morando nos Estados Unidos da América, para ajudar noorçamento, estou fazendo 'bico' de babá. Ao cuidar de uma das meninas uma vez cantei 'Boi da cara preta' para ela,antes dela dormir.
Ela adorou e essa passou a ser a música que ela sempre pede para eucantar ao colocá-la para dormir. Antes de adotarmos o 'boi, boi, boi'como canção de ninar,a canção que cantávamos (em Inglês) dizia algo como:

Boa noite, linda menina, durma bem.
Sonhos doces venham para você,
Sonhos doces por toda a noite.'
(Que lindo, né mesmo!?)

Eis que um dia Mary Helen me pergunta o que as palavras, da música 'Boi da cara preta' queriam dizer em Inglês.

Boi, boi, boi, boi da cara preta, pega essa menina que tem medo de Careta...(???)

Como eu ia explicar para ela e dizer que, na verdade, a música 'boi da cara preta' era uma ameaça, era algo como 'dorme logo, pqp senão oboi vem te comer'?

Como explicar que eu estava tentando fazer com que ela dormisse com uma música que incita um bovino de cor negra a devorar uma cândida menina?

Claro que menti para ela, mas comecei a pensar em outras canções infantis, pois não me sentiria bem ameaçando aquela menina com um temível boi toda noite...

Que tal! 'nana neném que a cuca vai pegar...'? Caramba!... Outra ameaça!

Agora com um ser ainda mais maligno que um boi preto!
Depois de uma frustrante busca por uma canção infantil do folclore brasileiro que fosse positiva me deparei com a seguinte situação:

O brasileiro tem é trauma de infância!!!! Trauma causado pelas canções infantis!!!!
Exemplificarei minha tese:

Atirei o pau no gato-to-to
Mas o gato-to-to não morreu-reu-reu
Dona Chica-Ca-Ca admirou-se-se.
Do berrô, do berrô que o gato deu Miaaau!

Para começar, esse clássico do cancioneiro infantil é uma demonstração clara de falta de respeito aos animais (pobre gato) e incitação à violência e a crueldade. Por que atirar o pau no gato, essa criatura tão indefesa? E para acentuar a gravidade, ainda relata o sadismo dessa mulher sob a alcunha de ' D.Chica'.

Uma vergonha!

Eu sou pobre, pobre, pobre,
De marré, marré, marré.
Eu sou pobre, pobre, pobre,
De marré de si.
Eu sou rica, rica, rica,
De marré, marré, marré.
Eu sou rica, rica, rica,
De marré de si.

Colocar a realidade tão vergonhosa da desigualdade social em versos tão doces!! É impossível não lembrar do amiguinho rico da infância com um carrinho fabuloso, de controle remoto, e você brincando com seu carrinhode plástico.. Fala sério!!!
Vem cá, Bitu!
Vem cá, Bitu!
Vem cá, meu bem, vem cá!
Não vou lá!
Não vou lá, Não vou lá!
Tenho medo de apanhar.

Quem foi o adulto sádico que criou essa rima?
No mínimo ele espancava o pobre Bitú.....

Marcha soldado, cabeça de papel!
Quem não marchar direito,
Vai preso pro quartel.

De novo, ameaça! Ou obedece ou você vai se fu... Não é à toa que o brasileiro admite tudo de cabeça baixa...

A canoa virou,
quem deixou ela virar,
Foi por causa da (nome de pessoa) que não soube remar.

Ao invés de incentivar o trabalho de equipe e o apoio mútuo, as crianças brasileiras são ensinadas a dedurar e a condenar um semelhante.
Bate nele, mãe!

Samba-lelê tá doente,
Tá com a cabeça quebrada.
Samba-lelê precisava
É de umas boas palmadas.

A pessoa, conhecida como Samba-lelê, encontra-se com a saúde debilitada e necessita de cuidados médicos. Mas, ao invés de compaixão e apoio,a música diz que ela precisa de palmadas!
Acho que o Samba-lelê deve ser irmão do Bitú!!!...

O anel que tu me deste
Era vidro e se quebrou.
O amor que tu me tinhas
Era pouco e se acabou...

Como crescer e acreditar no amor e no casamento depois de ouvir essapassagem anos a fio???
O cravo brigou com a rosa
Debaixo de uma sacada;
O cravo saiu ferido
E a rosa despedaçada.
O cravo ficou doente,
A rosa foi visitar;
O cravo teve um desmaio,
A rosa pôs-se a chorar.
Desgraça, desgraça, desgraça!
E ainda incita a violência conjugal (releia a primeira estrofe).

Precisamos lutar contra essas lembranças, meus amigos! Nossos filhos merecem um futuro melhor!

Ah!!! você esqueceu desta:
Passa, passa três vezes...
A última que ficar
tem mulher e filhos que não pode sustentar...

(Aí começa o desemprego).
Rssssssss.
Autor desconhecido.
Abaixo uma música muito tocada em filmes hollywoodianos:

3 comentários:

Helga disse...

Hhahahah muito bom!

"Claro que menti para ela" hehehe. Hmm, é.. é sobre um boi que tem a cara preta e assusta as pessoas.

Os próprios folclores eram feitos pra assustar as pessoas ignorantes dos interiores aí do Brasil. Negrinho do pastoreio, saci-pererê, Cuca, Boto cor-de-rosa.. heheheh

Tá explicada a origem dos problemas brasileiros.

Mas existe a versão light da música do gato hein! :P "Não atirei o pau no gato-to, porque isso-so não se faz-faz-faz.." :D

MCTS disse...

bem por mais que digamos que as nossas canções são temíveis pelo menos funciona e ensina que nem tudo são flores. realmente hoje em dia existe as versões "lights" de todas as histórias mas e aí? as crianças vão crescer achando que as pessoas são boas e tudo é paz e amor? eu acho que os pimpolhos tem que conhecer a bruxa má e a bruxinha boazinha rss

Pedro Laurentino disse...

faça-me o favor... "papai vai te comprar um passarinho, se ele não cntar te cmopra um anel de diamante"... é mesmo muito edificante. Eu ouvia pra dormir: tarde bem tarde noite já alta, durma que outro dia não tarda chegar"

e ouvia "é tão tarde, a manhã já vem, todos dormem, a noite também, só eu velo por você meu bem".

Com "Atirei o pau no gato" e pobre pobre pobre etc eu aprendi a cantar e brincar em grupo sem importar quem é quem, a cooperar e não competir.

É sério que a infância brasileira pode ser comparada à americana nesse sentido?

Ser popular pra conseguir um bom papel na peça de fim de ano, aprender o que é um loser e formar verdadeiros grupos de exclusão? No, thanks.